Rico em propriedades nutritivas e terapêuticas, o mel traz vários benefícios à saúde, entre eles: regula a pressão sanguínea, os níveis de triglicerídeos e colesterol, protege as células do envelhecimento precoce e impede o desenvolvimento de doenças cardíacas, diminuindo o risco e acúmulo de gordura nas artérias.
Em Roraima, o apicultor catarinense Pedro de Freitas, 68 anos, trabalha na produção de mel há 45 anos. Amigo das abelhas, todos os dias Pedro vivencia as necessidades do apiário. “Esse serviço é constante e prazeroso na minha vida, no qual pratico desde moleque. Tenho orgulho da minha profissão e sei de sua importância na saúde das pessoas e impulso econômico para a nossa região”, comentou.
Na produção do apiário, Pedro diz que o lugar, o clima, o pasto apícola e a rainha influenciam na produção e qualidade do mel. “A maior concentração das floradas ocorre após o período chuvoso. E o tempo é um fator que influencia bastante na produção de mel por meio da temperatura, do vento, altitude, espaço disponível, além da qualidade genética e o próprio manejo das colmeias. A abelha africanizada também produz muito mel e as floradas tropicais são os períodos que diferenciam as mais de 30 variedades de coloração e sabores, sendo o mel escuro um dos preferidos da nação europeia por conter bastante proteína”, explicou.
Selo Orgânico
O Brasil na apicultura possui grande destaque mundial. Todavia, Roraima ainda enfrenta problemas para exportação, segundo Pedro. “Em todo o mundo, o mel orgânico é bastante comercializado, custando 50% mais caro. Atualmente, em nosso Estado, o enorme entrave que vem desfavorecendo a categoria é justamente a falta de organização para produzir mel orgânico. Pela natureza nós já temos o mel orgânico, mas restam pequenos detalhes para o produtor respeitar seu cultivo: manter uma área isolada da criação de outros animais, longe de agrotóxico e poluição, por exemplo”, comentou.
Em média, Pedro produz 26 toneladas de mel por ano, e a necessidade do selo orgânico para qualificar o produto roraimense isento de contaminações químicas e biológicas indesejáveis é uma necessidade urgente, destaca: “Para resolvermos essa situação é preciso efetuarmos as regras de higienização exigidas, buscando eliminar a contaminação do mel por bactérias. O selo orgânico é uma necessidade importante e muito urgente para a comercialização do produto no mercado global”.
Mel em RR
A apicultura é uma atividade ligada diretamente ao pequeno produtor de Roraima, onde o Estado apresenta mais de 94% de sua cobertura vegetal original com expressiva ocorrência de espécies melíferas bastante apreciadas pelas abelhas. Nestas condições há produção abundante de mel, mais de 80 kg/colmeia, que pode ser certificado como mel orgânico de alto valor comercial.
Dessa forma, a cada ano a produção de mel cresce em Roraima e ganha mais notoriedade impulsionada também por incentivos, assistência técnica e apoio do Governo do Estado reforçando o compromisso de desenvolvimento com a geração de trabalho e renda. “Temos recebido grandes incentivos, parceria e organização para mantermos a lavoura constante. E Roraima também possui tudo de bom: clima, colmeias e ambiente. Dessa forma, precisamos manter nosso Estado em destaque na produção de mel nacional e internacional”, concluiu.
Produtividade Média
O crescimento da fruticultura e outras culturas irrigadas propiciam a criação de abelhas nos territórios indígenas, ocorrendo uma produção de mel totalmente orgânico, determinando o elevado potencial melífero para o Estado – que pode ser ainda melhorado com o uso de sistemas integrados de produção – com a industrialização e certificação do mel para atender aos requisitos do atraente mercado nacional e internacional.
Atualmente, o índice de produtividade média anual, de todos os municípios, está em torno de 25.02 kg/colméia/ano, mostrando uma sensível evolução desta atividade econômica de alto impacto socioambiental. A produção de 2018, com 110.00 quilos de mel, foi 13% superior à 2017, que com pouco mais de 97.000 quilos, foi a menor produção dos últimos 14 anos. Com a retomada do crescimento, o mel de Roraima gerou algo em torno de R $1,1 milhões em 2018 (IBGE).
Os municípios com a produção mais expressivas são Boa Vista, com 80 mil kg em 2018, Cantá com 18 mil e Caracaraí com 8 mil (IBGE/Seplan). Existe um enorme potencial de crescimento desta atividade tanto nas áreas de cerrado, matas de transição e floresta, bem como nas terras indígenas. O mel roraimense é de alta qualidade e tem variedade de oito cores que só a produção de Roraima proporciona.
Além dos demais estados brasileiros, o Amazonas compra uma parte considerável da produção e Rondônia e Piauí também são compradores. Recentemente, foi dado início às primeiras negociações para exportação do produto. São trinta produtores organizados de Roraima que vão exportar 50 toneladas de mel de abelha para a Alemanha.
Mel Orgânico
É um mel produzido segundo normas específicas que o qualificam como um produto isento de contaminações químicas e biológicas indesejáveis. Para produzir um mel que possa receber o título de orgânico, o apicultor deve passar por um processo de certificação. Isso é feito por algumas empresas que enviam inspetores que analisam tecnicamente as condições do apiário e sugerem adequações para a conversão do apiário convencional em orgânico. Atendidas as exigências e depois de um período de carência, a empresa certifica o apiário.
Essa certificação dá ao apicultor o direito de usar um selo especial no seu produto, identificando-o como orgânico perante os consumidores. Entre os critérios exigidos, está a proibição de lavouras de manejo convencional num raio mínimo de 3 km do apiário. Para a manutenção do certificado, as inspeções são repetidas frequentemente.